Os sites de streetstyle existem hoje nessa quantidade por conta da globalização: a gente pode, com um clique, bisbilhotar o que todo mundo tá usando em qualquer parte do mundo. E aí o que se usa nesses sites vira inspiração pra gente usar/aplicar nas nossas escolhas de todo dia, e as referências vão se diluindo e todo mundo vai querendo ter/ser a mesma coisa e quando a gente vê, todos os sites tem os mesmos looks, usados por pessoas diferentes em lugares diferentes. Pra muita gente, ser fotografada para um desses sites é um elogio, um sinal de reconhecimento – então a referência pode passar a ser pautada pelo gosto pessoal do fotógrafo x ou y, como se a gente procurasse vestir o que sabe que rende material para o site de streetstyle (que por sua vez está super claro, uma vez que o fotógrafo clica sempre as mesmas idéias). Pode ser que essa dinâmica esteja deixando de ser só uma dinâmica e esteja virando um ciclo vicioso anti-diversidade no vestir. Pior: um ciclo vicioso anti-espontaneidade.
No nosso meio (das mulherzinhas independentes de trinta anos) esse streetstyle dos sites aparece quase que só na internet mesmo – super pouca gente e pouquíssimas clientes (uma ou duas, máximo!) se vestem assim na vida real. Essa montação estudada, calculada a partir da referência externa, quase não encontra lugar em calçadas e ambientes de trabalho (tem em volta de vocês?). Isso de esperar o fotógrafo abordar pra clicar e fazer a imagem rodar o mundo vira meio que um reality show do vestir de todo dia, uma atividade que se faz naturalmente (por que né ninguém pode sair pelada na rua) mas que se imagina ser vigiada por câmeras. Pro outro, e não tanto pra gente mesma.
O elogio que mais importa é o elogio da própria vida, do bem viver. Esse que o próprio espelho entrega pra gente em forma de sorriso, sabe? Essa sensação de chegar em casa no fim do dia e ainda se sentir bonita, sentir que esse look vale repetir, que rendeu conforto, animação, até inspiração pra quem esteve em volta da gente. Sentir que o namorado/marido/filho/bff achou a gente linda – isso sim é elogio, sem nem precisar dizer! E esse elogio a gente consegue sendo mais e mais A GENTE MESMA, fazendo força pra evidenciar – no look! – tudo que a gente tem de único, de vontade própria, de referência pessoal e de personalidade. Por mais diversidade estética no mundo, por um vestir com mais espontaneidade. Bora exercitar? ;-)