A gente não precisa ser incrível-inacreditável 27 horas por dia/sete dias por semana (ninguém é!), mas a gente pode se curtir o tempo todo sim. Afinal, a gente se veste pra quem? Não é pra gente mesma? A idéia não é se cuidar e então entregar esse cuidado em forma de look bom pro mundo?
No trabalho como personal stylists nesses anos todos a gente atendeu duas, no máximo três clientes do ‘mundo da moda’. A grandessíssima maioria das nossas clientes não trabalha no “mundinho”, e quando elas procuram o serviço de consultoria da oficina a demanda é uma só – mesmo que de jeitos difrentes: se encontrar, amadurecer (visualmente), determinar com a aparência quem se é e o que se quer da vida. Delas pra elas mesmas. Marido tem opinião, mãe também sempre dá uns pitacos (nossas primeiras personal stylists, sempre elas!) e amigas reparam e temperam com entusiasmo e até uma invejinha… mas o cuidado com o visual, a inteligência pra comprar e pra coordenar o que se tem é ganho pra quem adquire/exercita!
Essas clientes não esperam que quem tá em volta reconheça as marcas das peças que escolhe, ou que cite numa conversa a coleção a que determinado look pertence. não se espera nada do outro – não em relação ao que se veste. Elas se preocupam com o que o espelho devolve, e querem aprender a trabalhar em parceria com ele (e apenas ele!). mais importante é estar confortável (no sentido mais amplo que a palavra possa ter), encontrar versões mais e mais aperfeiçoadas da gente mesma, se sentir tão bonita quanto a gente pode ser. se curtir!
Aparentemente quanto mais envolvimento com o mundo da moda a gente tem, mais importância (vazia) a gente dá ao que veste. O que pode render também uma frustração extra em relação a expectativas não “supridas”: se a gente se veste pros outros, suprir expectativas não depende da gente; se a gente se veste pra gente mesma, é possível errar experimentar acertar quantas vezes for preciso (em frente ao espelho) até receber um sorriso de volta – da gente pra gente mesma!
Ânsia de querer estar o tempo todo fabulosa parece ser coisa de quem não tem outras atividades com que preencher a existência. Tanto tempo-esforço-debate-melindre entregue só ao look… não tem por que. Se vestir é parte da vida – não é tudo que a gente vive. e a gente se veste pra estar incrível sim, especialmente se toda essa “incredibilidade” corresponde à vida que a gente vive dentro das roupas que veste. E uma coisa não depende da outra de jeito nenhum!
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