sábado, 23 de maio de 2009

ana e mia(anorexia e bulimia)


ANA(anorexia) e MIA(bulimia)
(Ana e mia e assim que e chamada intimamente a anorexia e a bulimia por meninas que querem ser magra a todo custo,isso pode ser visto como uma bobagem por muitos mais e o que acontece com muitas jovens em todo mundo entenda como isso acontece nessa postagem que o mundo da mulher mostra agora como um alerta aos pais e a essas jovens que tanto precisam de informaçao):

Ana e Mia na rede
A internet, por seu próprio caráter descentralizado e não-regulamentado, tornou-se um meio de
comunicação propício ao encontro de pessoas com interesses comuns, dos mais variados tipos. Com isso, abrese
espaço nos fluxos informacionais da rede para os mais diversos tipos de pensamentos, ideologias e grupos,
que aí encontram os meios para expressar suas idéias e localizar partidários das mesmas causas em qualquer
lugar do mundo.
A alegação da busca de um corpo ideal é um dos motivos citados por milhares de pessoas, na maioria
mulheres jovens, que adotam comportamentos classificados pela medicina como transtornos alimentares –
particularmente a anorexia e a bulimia – como “estilos de vida”. Dizendo-se adeptas da frase “os fins
justificam os meios”, elas praticam a recusa à comida e/ou a purgação do alimento ingerido como formas de
atingir um tipo físico compatível com certo padrão de beleza, seja ele o divulgado pela sociedade ou, mais
frequentemente, um padrão auto-imposto de magreza extrema.
Protegidas pelo anonimato da rede, as seguidoras da Ana e da Mia (apelidos carinhosos dados,
respectivamente à anorexia e à bulimia) encontraram em blogs, fóruns e sites de relacionamento lugares nos
quais poderiam falar sobre uma parte de suas vidas que, na maioria das vezes, é vivida em silêncio: a relação
complicada com a alimentação e a imagem corporal.
Assim, surgiu o movimento pró-anorexia e pró-bulimia na internet, no ano 2000. Inicialmente difundida
nos Estados Unidos e Inglaterra, a tendência não demorou a chegar a outros países, como acontece com quase
tudo na atual cultura globalizada. No Brasil, os blogs pró-ana/mia apareceram em 2002. Dois anos mais tarde,
com a criação e popularização do site de relacionamentos Orkut, foram criadas comunidades virtuais para
reunir as bulímicas e anoréxicas, tanto aquelas que estão em tratamento quanto as que querem continuar nestas
condições.
Já na fase inicial de pesquisa em que nos encontramos, algumas características do movimento analisado
são delineadas, permitindo-nos identificar um perfil padrão entre as pessoas que acessam os sites pró-ana e
pró-mia. A grande maioria é composta de mulheres. A participação de homens nestas comunidades é bastante
reduzida, porém existente. Isso reflete a própria estatística dos transtornos alimentares, que revela que, dentre
os pacientes, apenas 10% são do sexo masculino. A maior incidência desses distúrbios nas mulheres é atribuída
a fatores hormonais, sociológicos, psicológicos, e bioquímicos, como a maior propensão feminina a distúrbios
do metabolismo de serotonina.
A maior parte dos acessos é de jovens, particularmente na fase os 13 e os 17 anos de idade. Como,
essencialmente, as usuárias destas páginas e comunidades virtuais se apresentam com um perfil falso, para não
serem facilmente identificadas por amigos e parentes, esta observação é feita com base na idade informada em
seus blogs e perfis. Além disso, indícios de adolescência podem ser verificados na escrita tipicamente
“internética”, com diminutivos, abreviações, letras repetidas e formatações destacadas, como negrito, itálico e
fontes coloridas. Com freqüência aparecem nos perfis fotografias de ídolos teen, particularmente os que já
tiveram algum histórico de transtornos alimentares, como a cantora Anahí, do grupo RBD, e a atriz Nicole
Richie.
A inspiração por celebridades é outro traço marcante nas páginas ana e mia. Muitas afirmam que a
sociedade lhes impõe que sejam magras, que vêem dia após dia que só as magras conseguem popularidade,
respeito, sucesso amoroso e aceitação. Como exemplo disso, estampam em seus espaços virtuais imagens de
atrizes e modelos donas de corpos – e, consequentemente, de modos de vida – perfeitos. Embora as mulheres
idolatradas possam variar um pouco, dependendo da nacionalidade da blogueira, algumas como Angelina Jolie
e Victoria Beckham são praticamente unanimidades. Os homens também têm seus “musos” inspiradores:
famosos magros como Daniel de Oliveira (especialmente na interpretação de Cazuza, no filme de mesmo
nome) e Daniel Radcliffe, intérprete do bruxo Harry Potter no cinema. Popular também é a tatuagem de
Angelina Jolie com os dizeres latinos quod me nutrit, me destruit – em português, o que me alimenta me
destrói. Várias garotas relatam o desejo de tatuar em seus corpos a mesma frase, algumas realmente o fizeram.
Juntamente com as fotografias, os lemas compõem parte importante das chamadas thinspirations, as
inspirações de magreza postadas na rede. Frases como “se é saboroso, está tentando te matar”, “um minuto na
sua boca, a vida toda no seu quadril” e “um corpo imperfeito reflete uma pessoa imperfeita” demonstram, ao
mesmo tempo, profunda insatisfação com o corpo que possuem e a obsessão pelo que o corpo pode vir a se
tornar, seguindo este estilo de vida. Sentenças como essas viram títulos de blogs, posts, comunidades, e são
mescladas a fotografias de pessoas magras em vídeos motivacionais compartilhados online.
Até um objeto de identificação foi criado para que elas possam reconhecer-se umas às outras no meio
da multidão. As anas, partidárias da anorexia, usam pulseiras vermelhas, feitas com miçangas, fitas ou
qualquer outro material. As mias, favoráveis à bulimia, pulseiras roxas. Os acessórios passam despercebidos
para quem não conhece o significado, mas garantem à usuária que, uma vez que aviste no shopping ou na
escola alguém com uma pulseira semelhante, pode trocar um olhar de cumplicidade ou até mesmo receber,
numa situação difícil, o mesmo apoio tantas vezes encontrado somente no mundo virtual. Outra utilidade
atribuída ao acessório é servir como um lembrete do compromisso com a Ana e a Mia. A orientação de
algumas garotas é colocar a pulseira na mão usada para abrir a geladeira. Assim, ao olhar para a bijuteria,
reafirmariam sua recusa à comida e desistiriam da refeição.
O padrão de magreza extrema é considerado o ideal pelas anas e mias, embora elas mesmas
reconheçam que ele desagrada a muitos. Frases como “não importa o que falem, vou atingir minha meta” são
bem comuns nas comunidades virtuais. A opinião de familiares, amigos e parceiros amorosos, de que elas já
estariam magras demais, são consideradas meras tentativas de demovê-las de seus objetivos. Nas comunidades
pró-ana e mia, ao contrário, tais pessoas encontram exatamente o que gostariam de ouvir: frases como “nunca
se está magra demais” e incentivos para deixar “os ossinhos aparecerem” funcionam como combustível para a
luta incessante contra a comida. Os objetivos de peso são quase irreais. Muitas garotas almejam pesar por volta
de 35 quilos. A insatisfação constante é uma marca nos perfis observados. Por mais baixo que seja o peso, uma
vez atingido, uma nova meta é estabelecida e a busca continua.
Sintomas como fraqueza, tontura e desmaios são valorizados como indícios de vitória. A comunidade
Estar fraca é ser forte reúne 260 membros com a seguinte descrição: “Depois de dias de LF, ou
(principalmente) NF, bate aquela tontura, você perde o equilíbrio, a vista escurece, dá uma fraqueza... Só
mostra o quanto você foi forte por ter agüentado até ali!” A morte, que acomete cerca de 10% dos pacientes
diagnosticados com estes transtornos alimentares, é considerada uma conseqüência indesejada, mas não um
empecilho. Pessoas mortas em decorrência de anorexia e bulimia, como a modelo Ana Carolina Reston,
falecida em 2006 com peso corporal de 40 quilos, são reverenciadas por muitas como “mártires da causa”. Os
tópicos de discussão demonstram que a grande maioria das anoréxicas e bulímicas tem consciência de que o
mesmo pode vir a acontecer a elas, mas a declaração mais freqüente é a disposição para “morrer lutando

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